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domingo, 3 de julho de 2011

Guarde a chuva

Poucos sabem, e muitos desta minoria não entendem, sobre a minha fixação por guarda-chuvas. É até estranho pensar neste objeto trivial como algo essencial em nossas vidas. Ele sempre fica lá, paciente e silencioso, encostado em algum canto da casa aguardando o dia em que possa ser lembrado e, posteriormente, usado.

Difícil é imaginá-lo como algo digno de admiração. Acredito que ele faça muito mais pelas pessoas do que elas realmente conseguem perceber. Até mesmo os precavidos, reconhecedores da sua extrema utilidade frente à fúria do tempo, podem não reparar em alguns benefícios adicionais oferecidos por este peculiar trunfo carregado consigo durante um dia incerto.


Quando aberto, suas hastes de metal – em uma engenhosa parceria com o tecido no qual é preso às mesmas –, criam um escudo sobre o seu usuário. Não importa o quão forte sejam os pingos de chuva ou mesmo os raios de sol, ele está lá sempre à mão e pronto para oferecer abrigo a quem solicitou o seu serviço. É bem verdade que, em alguns casos, o seu material de confecção não seja capaz de suportar o desafio que lhe é proposto, mas ele jamais se nega a tentar.

Quando estamos em meio a um temporal, a única coisa em que pensamos é correr para um local seguro, quente e bem sequinho. Sem a devida resguarda e preparo, podemos nos comparar a uma presa fugindo de seu predador. Somos inconsequentes, tomamos decisões precipitadas e realizamos ações impensadas – tudo o que almejamos é o sentimento de segurança. O guarda-chuva nos proporciona um momento para tomar fôlego em meio ao vendaval. Ainda que possa ser uma breve pausa, podemos reavaliar nossas opções e racionalizar o que está acontecendo ao nosso redor. O caminho mais curto pode ser o que vá lhe deixar com os pés mais ensopados.

Uma cena que me é bem curiosa e, ainda assim, muito comum de ser observada, principalmente nas épocas das chuvas de verão (momento em que temporais acontecem a qualquer instante), são pessoas que dividem um mesmo guarda-chuva.

Já repararam que, não importa o quão pequeno ele possa ser, sempre há lugar para mais uma pessoa sob a proteção do astro deste texto? Não sou capaz de citar as inúmeras vezes que dividi uma prazerosa compania sob estes filetes metálicos. Eles tem esse estranho dom de unir as pessoas. Em uma situação desconfortável e (por vezes) perigosa, os indivíduos neste abrigo são capazes de tornarem-se um só... Um único passo, um único ritmo, um único objetivo. Debaixo de um guarda-chuva não existe “eu”, o importante somos “nós”.

Os seus tipos e modelos existem em mais variadas formas. Tem para todo gosto e necessidade. Podem ser extravagantes e coloridos, exóticos e criativos, básicos e discretos. Ao longo dos anos, eu aprendi a apreciar cada um de seus estilos e admirar as suas particularidades. No entanto, uma coisa da qual eu não abro mão é de sua qualidade: um guarda-chuva necessita ter uma estrutura bem fundamentada para que, na primeira tormenta, possa estar junto a mim neste teste de resistência. Desde que percebi todas as maravilhas que o incompreendido defensor traz consigo, não tiro o meu da mochila.
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